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Capítulo 1: I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor

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por aí, nos maiores e mais mesclados ajuntamentos, certa ordem de tipos masculinos, hesite em atribuir-lhes por pátria a velha Albion, a filha dos nevoeiros, a rainha dos mares, a terra dos meetings, dos puddings e de muitas coisas mais?

Pois bem, todos esses caracteres, todos esses sinais distintivos dos mais perfeitos exemplares da classe, achavam-se reunidos na pessoa de Mr. Richard Whitestone, como certidão de naturalidade, limpa da menor viciação.

Era aquela conhecida tez, quase cor de tijolo; aqueles olhos azuis, à flor do rosto, a resplandecerem como safiras; aqueles cabelos e suíças ruivas, que, sem grande violência de imagem, poder-se-ia talvez comparar às labaredas do fogo, que lhe inflamava constantemente as faces injectadas; os dentes regulares, como enfiaduras de pérolas, e alvos, como os caramelos das montanhas; a postura erecta; os movimentos prontos, e no rosto o tal continuado ar de satisfação.

Do vestuário podia dizer-se quase o mesmo. – Não falseava o tipo. Era ainda inglês de lei.

Um pequeno fraque de pano azul, fabricado nas melhores oficinas de Yorkshire ou do West of England; as calças, curtas e estreitas, dentro das quais as descarnadas tíbias podiam fazer o efeito do êmbolo em corpo de pneumática; as botas esguias e compridas, onde a elegância era sacrificada à solidez; gravata e colete alvíssimos, como os de um lorde do parlamento, e, de Inverno, vestidura completa de gutta-percha que, nestas épocas utilitárias e prosaicas, veio substituir as impenetráveis armaduras da Idade Média – tais eram as peças principais do guarda-roupa do honrado negociante. Coroava finalmente tudo isto o chapéu, aquele chapéu de forma invariável, castelo roqueiro inacessível às ondas destruidoras da moda; baluarte inabalável

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 7

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432