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Capítulo 7: VII - Revista da noite

Página 75

– Coitada!

– Coitada?! Ai, se já principias assim a lamentá-la… mal vai a minha história.

– Pois acaso?…

– Escuta. Ao princípio, ela não mostrou timidez; sustentou com vivacidade o diálogo, aparando e retribuindo triunfantemente os galanteios que eles lhe dirigiam. Mas a luta era desigual; porque enfim os contendores, nesta esgrima de palavras, tinham de reserva armas de que ela não podia servir-se. Foi então, ao reconhecer isto, que se mostrou inquieta e ergueu-se para retirar-se; seguimo-la; à porta do salão ela e as companheiras voltaram-se, viram-nos e pareceram atemorizadas. Ela então, a desconhecida, dirigiu-se a mim e pediu-me que lhe servisse de protector, apelou para a minha generosidade, e eu…

– Tu protegeste-as, não é verdade? – disse Jenny, juntando as mãos, e fixando no irmão um olhar de simpatia. – Protegeste, não protegeste?

– Fui, fui um D. Quixote de donzelas perseguidas. Então que queres tu? Não te dizia eu que havia ainda em mim muito da candura dos quinze anos?

– Não te arrependas, Charles, não te arrependas de ser generoso.

– É certo que consegui afastar os meus associados, o que não foi pequena tarefa; fiz valer porém os direitos de descobridor e prometi-lhes revelar o segredo daquela máscara, segredo cuja investigação me competia. Feito isto, segui-as. Ao princípio tudo foram efusões de gratidão à minha nobreza de carácter, ao meu coração, aos meus sentimentos, etc., mas, quando nos livrámos das ruas mais centrais e passou o perigo da perseguição que temiam, tudo mudou de figura e principiaram já a pedir-me para também me retirar. Esta ingratidão ofendeu-me e recusei… Então. Aí estás séria outra vez!

– E com razão, Charles. Pois pediam-te e tu… Isso já não é de generoso… Quem sabe os motivos?

– Perdoa-me, Jenny; tu é que não sabes nada destas coisas.

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pág. 75 (Capítulo 7)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 75

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432