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Capítulo 7: VII - Revista da noite

Página 73
Conheço que é fácil iludir-se então o olhar e fantasiar-se falsamente o todo pela parte que se pode ver, conheço…

– Basta, basta, Charles. Pena é que de tão pouco te sirva o tanto que conheces, visto que ainda ontem…

– Ontem não havia, não podia haver ilusão. Isso é que não. Aquela cabeça não era dessas cabeças buliçosas, como folhas de álamo, que morrem por serem adivinhadas. Era uma cabeça cismadora, melancólica, cheia de sentimento, estremecendo a cada beleza que, com pesar seu, não pudera ocultar…

– Ah! Que singular cabeça!

– E depois há certos extremos de perfeição, que a Natureza, quando os cria, não os vai desperdiçar assim em qualquer rosto que nas mais feições destoe desses primores parciais. E neste caso estava tudo o que vira do perfil da minha simpática vizinha, a quem dirigi a palavra!

– A quem dirigiste a palavra!

– Sim; que achas tu de extraordinário nisto, para fazeres esse movimento? Num baile de máscaras prescinde-se das apresentações, ridícula invenção da etiqueta, que eu desconfio ser originária da nossa diplomática Inglaterra.

A reflexão histórica transformou num sorriso o movimento de surpresa de Jenny.

Carlos continuou:

– E depois vais ver que tudo quanto lhe disse podia bem ser repetido à mais ingénua lady num dos nossos bailes de família. Afinal de contas, irmãzita, eu, que arranjei por aí, não sei bem como, a reputação de atrevido, tenho ainda canduras de que muitos dos mais tímidos se riam já aos quinze anos.

Esta confissão, na qual alguma coisa havia verdadeira, desafiou em Jenny um gesto de dúvida, que o mesmo sorriso afectuoso veio porém suavizar.

– Olha que é assim – prosseguiu o irmão – e senão… escuta. Como te disse, falei à minha simpática vizinha. Perguntei-lhe se estava muito fatigada.

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pág. 73 (Capítulo 7)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 73

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432