Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: VIII - Na praça

Página 85

Acrescente-se agora a progénie ociosa dos grandes capitalistas – comerciantes honorários, cuja vida comercial se reduz, como a de Carlos, a passear na Praça até às quatro horas da tarde; o brasileiro retirado, distraindo-se a presenciar, como espectador, o labutar do negócio, à maneira do marítimo velho que se senta à beira-mar a olhar para as ondas, de que vive arredado já; acrescente-se ainda o empregado da alfândega, fumando o cigarro, nas frequentes entreabertas do descanso de suas laboriosas manhãs; os carrejões em disponibilidade, estacionados a cada esquina; os moços de escritório, encostados às ombreiras das portas; os meninos dos directores das companhias, confiados à vigilância de algum empregado subalterno; isto tudo composto de ingleses ruivos, de alemães loiros, de brasileiros escuros, de portugueses de todas as cores, e ter-se-á imaginado o aspecto da Praça comercial do Porto, à hora em que Carlos Whitestone a atravessou.

Carlos passava pelos diferentes grupos ali reunidos, como por entre gente que toda lhe era igualmente familiar.

Como sempre, e como em toda a parte, não se constrangia ali também.

O génio que tinha não lhe consentia etiquetas; a sua posição social não deixava que ninguém lhe estranhasse as familiaridades.

Enfiava o braço no de um dos mais sisudos comerciantes, a quem tratava pelo nome do baptismo; de repente, deixava-o, para acender o charuto no cigarro de um segundo-caixeiro de escritório, que o estava saboreando às ocultas, e ali mesmo pactuava com este qualquer partida de caça. Aproximava-se do grupo de capitalistas e barões, que discutiam acaloradamente o relatório de uma companhia, e cedo, com suas reflexões e comentários, fazia degenerar a conversa para assunto mais frívolo e jovial;

<< Página Anterior

pág. 85 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 85

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432