Uma Família Inglesa - Cap. 8: VIII - Na praça Pág. 86 / 432

abandonava-os, e ia abraçar alguns rapazes, tão laboriosos como ele, que falavam dos bailes da véspera ou abriam a boca de enfadados; dali dirigia-se a cumprimentar um inglês esgalgado, que passava sobre uma horsa, mais esgalgada ainda, e examinava com os olhos de conhecedor as qualidades físicas do quadrúpede e os expedientes da arte do cavaleiro; tolhia a passagem ao despachante que atravessava a correr a Praça e, apesar de tantas pressas, conseguia fazê-lo parar a escutá-lo; chamava pelo nome o galego da esquina, para que lhe viesse sacudir a lama das botas e, durante esta operação, divertia-se a bater-lhe com o chicote na copa do chapéu. Às vezes ouvia com aparente atenção um homem, que lhe vinha falar de certo negócio pendente do escritório Whitestone, mas, se a exposição se demorava, o seu interlocutor, quando menos o esperasse, achava-se só, porque Carlos fora, sem cerimónia, conversar com o guarda-livros, seu amigo, que avistara na janela de um primeiro andar. Tão depressa entrava em um diálogo com o mendigo que lhe pedia esmola, como com qualquer rapariga cujas graças o atraíssem.

Neste género de ocupações se demorou Carlos Whitestone na Praça aquele dia, procurando ser visto pelo pai – único fim que tinha na ideia.

Mr. Richard estava porém na Assembleia Inglesa ou Feitoria, da qual era assíduo frequentador.

Um dos muitos grupos, de que Carlos Whitestone se aproximou, compunha-se das mais graduadas individualidades da Praça.

Carlos passou o braço por cima do ombro de um barão, enfiou o outro no de um capitalista brasileiro, e cumprimentou familiarmente um velho inglês, que estava na companhia também.

– O que não há em toda a Europa é uma Bolsa assim como a do Porto – dizia um comerciante bem-intencionado, em que se encarnara a balda, muito portuguesa, de pendurar no pináculo da perfeição alguma coisa boa que temos ainda por cá.





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