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Capítulo 8: VIII - Na praça

Página 89

– Mas o fim da empresa?… o fim? – bradava o outro.

– O fim? Um grande fim… uma nova via de tráfego comercial entre a cidade alta e a baixa.

– Como? Alguma rua…

– Não, senhor; aproveita-se uma riqueza, ainda inexplorada, que há no seio da cidade.

Um enxame de ideias extravagantes esvoaçaram na imaginação do accionista, que já com ardente curiosidade perguntou:

– Mas… que é?… como?

– Nada menos do que tornar navegável o rio da Vila.

O accionista dissidente olhou ainda alguns instantes para Carlos; mas cedo depois voltou-lhe as costas desapontado e procurou o director que estivera interpelando; este, porém, aproveitara o ensejo e desaparecera, esquivando-se a resolver o difícil problema que o outro lhe apontara ao peito. – Quem era o governo?

O leitor que é do Porto permita-me que eu explique aos que o não são que este nome pomposo de rio da Vila é dado a um pequeno riacho de águas menos limpas que se despenha por uns sítios escusos e não menos asseados do que elas, até desaguar furtivamente, e como envergonhado, no Douro.

O primeiro indivíduo de quem, depois deste, Carlos se avizinhou, era uma potência comercial, que ouvia amavelmente o pedido que lhe fazia um colega para ele pedir a outro, para este pedir a terceiro e este terceiro pedir ao ministro para o ministro empregar na alfândega o filho do cunhado do primeiro que pedia. Esta complicação enredada de pedidos – da qual inevitavelmente se havia de ressentir o período, como ressentiu – parecia claríssima para o que estava sendo exorado, pois, sem pedir explicações, e como homem que logo à primeira vista entrou no âmago da questão, não fazia senão prometer aplicar todo o seu valimento e ser até importuno para servir o amigo.

Carlos chegou no meio dessas promessas cordialíssimas.

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pág. 89 (Capítulo 8)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 89

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432