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Capítulo 8: VIII - Na praça

Página 91
Anastácio Rebelo.

– Ora V. S.a – prosseguiu este – há-de estar certo de que há dois meses… um meu correspondente de Braga me pediu… Eu não sei se o pai de V. S.a lhe disse… Talvez não dissesse…

– Talvez não – disse Carlos, sem o atender…

– Pois o negócio é simples: este meu correspondente… que é também meu compadre… isto é, eu é que sou padrinho do filho dele, uma criança de treze anos, que esteve há meses em minha casa, a banhos na Foz, por causa de uns humores frios que…

Carlos assobiava já.

– Mas agora que este meu compadre… Olhe; aqui está a carta que ele me escreveu – prosseguiu o homem, procurando-a no casaco – eu julgo que a trago comigo… Por ela fará ideia…

E principiou a tirar papéis sobre papéis, cartas, escritos, ordens, letras, contas, recibos… dizendo, ao passo que examinava cada qual por sua vez:

– Não… isto é outra coisa… é a ordem para me pagarem uns cinquenta e tantos mil réis… E já não vem sem tempo… Mas onde diabo pus eu a carta?… Não é isto… Isto é o escrito de arrendamento da minha casa do Forno Velho… Isto é… Que S. Pedro é isto?… Ah! a carta do Maranhão… isto… isto é uma encomenda que me fazem de Bragança… V. S.a não me sabe dizer onde se vende… a estampa da Guerra da Crimeia?

– Eu não, senhor – disse Carlos, dando dois passos para o escritório.

– Encomendaram-ma e eu… – continuava o homem, seguindo-o. – Ah! achei; cá está a carta! – exclamou, segurando Carlos pela manga do casaco. – Ora quer ler?

– Eu não, senhor – respondeu este, tentando evadir-se.

– «Prezado amigo e compadre» – principiou o homem a ler. – «Recebi a sua de treze e agradeço-lhe as recomendações que me manda. A comadre… – é a mulher dele – recomenda-se à Sr.a D. Maria do Carmo – é a minha mulher… – e o Juca… – é o tal meu afilhado… – manda muitos beijos ao padrinho…»

– Que é o senhor – disse Carlos, já impaciente com a maçada.

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pág. 91 (Capítulo 8)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 91

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432