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Capítulo 9: IX - No escritório

Página 99

– Fumem – insistiu Carlos.

Manuel Quintino levantou os olhos e fixou-os nos dois rapazes.Sob a influência daquele olhar, hesitaram ainda.

Carlos obrigou-os porém a aceitar, ofereceu-lhes lume para acenderem e, enquanto o faziam, voltou-se para Manuel Quintino e, vendo a cara de contrariado com que ficava, aproximou-se dele:

– Que tem você, Manuel Quintino? Deixe fumar os rapazes. Não seja fóssil.

– Se o pai vier por aí, cuida que há-de gostar de… E demais a mais, é distraí-los do serviço…

– Que serviço? Olhem o grande serviço que eles faziam! – Rapaz – acrescentou logo depois, dirigindo-se ao perseguidor das moscas da janela –, vai à Rua de Santo António saber se aquele meu casaco está pronto… e chega de caminho ao teatro de S. João, pergunta pelo bilheteiro e diz-lhe que vais do meu mando tomar seis cadeiras para a récita de quinta-feira… entendes? Seis cadeiras; depois…

– E faz favor de me dizer quando é que ele há-de levar a correspondência ao correio? – perguntou com mau humor Manuel Quintino.

– Eu sei lá disso. Anda, vai…

– Mas…

– Ora! mande ao correio quem quiser… Avia-te. Salta.

O rapaz saiu a correr.

Manuel Quintino encolheu os ombros.

Carlos dirigiu-se à janela, que abriu de par em par. Uma rajada de vento, entrando na sala, fez esvoaçar toda a papelada da banca de Manuel Quintino.

– Lá vai! lá vai! lá vai tudo com os diabos! – exclamou o guarda-livros. – Adeus, minha vida; estou arranjado!

Carlos desatou a rir.

– Isso; ria-se que tem muita graça! Então os senhores que fazem? – perguntou, descarregando as iras sobre os caixeiros. – Ponham-se à palestra e a fumar e eu que trabalhe; hem?

– Deixe estar que eu apanho isso – disse Carlos, continuando a rir.

E todos quatro principiaram a apanhar os papéis, dispersos por a sala.

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pág. 99 (Capítulo 9)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 99

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432