As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 31: Capítulo 31 Pág. 150 / 174

Tom conhecia-lhes os hábitos e sabia o perigo que eles representavam, por isso pegou na mão de Becky e puxou-a com ligeireza para o primeiro corredor que se lhes deparou; não foi sem tempo, porque um morcego bateu com as asas na vela de Becky, apagando-a no momento exacto em que saíam da caverna. Os morcegos perseguiram os dois pequenos durante algum tempo, mas eles foram entrando em quantas galerias encontraram, conseguindo, por fim, ver-se livres dos perigosos animais. Deste modo, Tom foi parar a um lago subterrâneo, que se estendia até que a sua forma se perdia nas sombras. Quis explorar as margens, mas concluiu que era preferível sentarem-se e descansarem um bocado. Só então, pela primeira vez, o silêncio profundo daquele lugar pesou sobre o espírito das crianças e Becky disse:

- Não dei por isso, mas agora parece-me que há já muito tempo que deixei de ouvir os outros.

- Na verdade, Becky, devemos estar muito abaixo deles, e não sei em que direcção, não sei se é norte, sul, este ou qual é. Nem podemos ouvi-los daqui.

Becky começou a estar apreensiva.

- Gostava de saber há quanto tempo estamos cá em baixo. Talvez fosse melhor voltarmos para trás.

- Sim, calculo que sim. Tens razão, vamo-nos embora.

- E sabes o caminho, Tom? Para mim é tudo muito confuso.

- Penso que me será fácil encontrá-lo. O pior são os morcegos. Se nos apagam as nossas duas velas, vai ser uma atrapalhação. O que devemos é experimentar outro caminho, para não termos de passar por ali.

- Contanto que não nos vamos perder. Seria horrível!

A pequena estremeceu só de pensar no que aconteceria se tal se desse. Enveredaram por um corredor, caminhando em silêncio e relanceando

um olhar para cada nova passagem que se lhes deparava, a ver se lhe conheciam o aspecto, mas todas eram igualmente estranhas. De cada vez que Tom fixava o olhar numa nova parede, Becky, muito atenta, examinava a cara dele à espera de um sorriso animador, e ele dizia com ar prazenteiro:

- Está bem! Está bem! Esta passagem não é ainda a que nós procuramos, mas lá chegaremos.

No entanto, de cada vez que chegava a esta conclusão, a sua esperança diminuía, e, numa dada altura, começaram a seguir por corredores ao acaso, numa ânsia de encontrarem aquele que pretendiam. Tom continuava a dizer que tudo estava bem, mas tinha tal tristeza no coração que, sem ele querer, as palavras soavam como se dissesse que estava tudo perdido.





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