A manhã convidava a excursão campestre. A proposta da Morgadinha foi acolhida com aplauso. O conselheiro prometeu acompanhá-los até à casa do ervanário, a quem tinha de visitar aquela manhã.
Levantaram-se todos da mesa, e à excepção de D. Vitória e D. Doroteia, todos saíram.
A Morgadinha, sob não sei que pretexto, deixou-se ficar um pouco atrás para dar tempo a Henrique de oferecer o braço a Cristina, o que efectivamente aconteceu.
- Bem - disse Madalena consigo, ao vê-los - agora que os anjos bons de um e de outro se convençam da obra meritória que fazem entendendo-se.
E, aproximando-se do pai, Madalena apoiou-se-lhe no braço.
Ângelo ia com as crianças adiante.
Aproximemo-nos nós de Henrique e de Cristina, para ver se os anjos bons deles ambos acederam ao convite de Madalena.
- Não há prazer que se compare ao de um passeio assim pelos campos, numa manhã como a de hoje, e em companhia tão amável - dizia Henrique, procurando aquilatar o espírito da sua partner, num certame de galanteria, fora do qual não concebia que se pudesse temperar uma paixão.
Pobre rapariga! Que eloquentes e apaixonadas respostas lhe estava porventura ditando a alma! Mas o enleio da timidez fechava-lhe os lábios, não lhe deixando formulá-las; apenas pôde responder:
- Está muito agradável a manhã, está; nem parece de Inverno!
- Pelo que vejo, não gosta do Inverno? É natural em uma senhora isso. Faltam-lhe as flores e as aves, suas irmãs. Eu prefiro o Inverno, porque prepara a vida íntima, as cenas ao canto do fogão, as leituras em comum, e traz-me à ideia as imagens de viver a que a fantasia de todos sorri; de todos os que têm um resto de coração; refiro-me às imagens de uma família.