A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 21: XXI Pág. 331 / 508

Augusto! Ainda ninguém o viu hoje!... Disseram-me que tinha ido de manhã para casa do Tio Vicente; vou lá... Estava um mundo de gente no sítio... Mas qual Sr. Augusto, nem Tio Vicente! Então com que escorraçaram-no do seu ninho?... Pobre homem! A falar verdade, nessa idade! Já sei que vem para casa do nosso Augusto. Ontem vi para aí entrar os fardéis. Ainda bem que o temos por vizinho... Faremos boa camaradagem... Olhe que também fizeram-na fresca com o tal projecto da estrada! Uma coisa assim!... Coisas cá do Sr. Conselheiro! Vai-se fundir um dinheirão na tal estrada! E já por aí se rosnam coisas! Enfim, políticos! Políticos!... Todos são os mesmos... Vai por aí uma poeira dos meus pecados com a ordem a respeito do cemitério; e com a história do Herodes? Sabem que ele esteve ontem para matar o missionário?... E, valha a verdade, dizem que por ordem de alguém do Mosteiro... Que eu não acredito, mas enfim, aquela história no sermão do outro dia... E o tal Sr. Henrique que é unha e carne com eles... Ele será muito boa pessoa mas não me calha... Lá feliz, isso como não sei de outro, com dinheiro e sem cuidados! E sempre se faz o casamento dele com a Morgadinha?... Ouvi dizer que sim.

O ervanário levantou os olhos para fitar Augusto; a aparente impassibilidade deste não iludiu o velho.

O Pertunhas não se esgotara ainda:

- Ora agora, quem anda fulo é o Brasileiro, o Seabra. Pelos modos, eu não sei o que aí houve; o conselheiro não o tratou muito bem, dizem, numa carta que escreveu ao ministro, ou criatura do ministro. Umas histórias muito complicadas, que eu não entendo, mas que prometem dar de si... Veremos em que ficam as eleições este ano... O conselheiro bem pode trabalhar, senão... Ele cuidava que era só apresentar-se, e quanto a fazer vontades.





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