Uma Família Inglesa - Cap. 9: IX - No escritório Pág. 104 / 432

teve dúvida… pois… esse relógio é de um fabricante muito acreditado e, segundo o homem afirma aos compradores, não fará diferença de meio minuto em cinco anos! Talvez seja confiança de mais! – acrescentou, rindo com vontade.

– Ou cegueira paternal – observou Carlos, rindo como ele.

– Sim, sim, ou isso, cegueira paternal, sim – concordou Mr. Richard, rindo cada vez mais e experimentando ele mesmo também os efeitos da tal cegueira.

E em seguida destapou duas garrafas de cerveja de Bass, tirou do armário uma copiosa provisão de bolacha e, na companhia do filho, celebrou a sua terceira refeição daquela manhã.

Passados minutos, voltaram ambos ao escritório nas melhores disposições deste mundo.

Se Jenny os pudesse ver então, como exultaria de contentamento!

Mr. Richard encaminhou-se para a escrivaninha de Manuel Quintino. Carlos sentou-se na escrivaninha oposta, e fingiu examinar os livros comerciais.

Mr. Richard dirigiu várias perguntas ao guarda-livros, sobre alguns negócios pendentes, às quais Manuel Quintino deu respostas lacónicas, mas peremptórias.

O inglês consultou depois algumas cartas, entregou outras ao guarda-livros, tomou notas, expediu ordens, examinou a escrituração, abriu o copiador e, de repente, voltando as costas a Manuel Quintino e dirigindo-se a Carlos:

– Já leste a carta do nosso correspondente em Londres? – perguntou com afabilidade.

– Ainda não, senhor.

– Manuel Quintino! Então por que lha não mostrou?! – disse o pai, voltando-se outra vez para o guarda-livros; e depois acrescentou de novo para Carlos: – Há notícias importantes e que fazem prever a probabilidade de ser este um ano de vantajosas transacções, se por acaso…

– É um homem diligente Mr. Leeson – notou Carlos, querendo dizer alguma coisa, mas com tanta infelicidade, que trocou o nome do correspondente de Londres pelo do de Liverpool.





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