Uma Família Inglesa - Cap. 16: XVI - No teatro Pág. 185 / 432

os cárceres – Camila ou os subterrâneos – O Barba-Roxa – Há dezasseis anos ou os incendiários – Os sete infantes de Lara – A Inês de Castro…

E Manuel Quintino dispunha-se a continuar esta revista teatral, quando Jenny o interrompeu, perdendo assim a melhor ocasião de se informar, entre outras coisas, dos merecimentos da célebre Josefa Teresa, de quem inda agora ouvimos falar com saudades os frequentadores reformados, cujos legítimos sucessores são os dilettanti de hoje.

– Carlos tem ido ao escritório? – perguntou Jenny, a meia voz.

– Esteve lá… no outro dia, na terça-feira, por infelicidade minha – respondeu o guarda-livros, lembrando-se dos enganos a que dera ocasião tal visita.

– Porque diz por infelicidade?

Manuel Quintino ia a contar a Jenny a espécie de auxílio que lhe prestara Carlos no escritório; mas, parecendo-lhe ver em Mr. Richard, ainda que aparentemente distraído, certos indícios de estar prestando atenção ao que ele dizia, julgou conveniente mudar de rumo e respondeu:

– É que eu, apesar dos meus cinquenta e cinco anos, não tenho mão em mim que não me distraia, vendo-o; e, com a minha palestra, nem trabalho eu… nem…

Aqui hesitou alguns instantes, porque lhe parecia demasiado lisonjeiro o que ia dizer, mas afinal sempre concluiu:

– Nem… nem… nem o deixo trabalhar a ele.

O próprio Mr. Richard mordeu os lábios, para encobrir um sorriso.

Jenny, a mesma Jenny, não pôde conservar-se inteiramente séria; mas, sorrindo, agradeceu com gesto de bondade as generosas intenções do guarda-livros.

Pareceu-lhe, porém, conveniente desviar a direcção da conversa e por isso lembrou a Manuel Quintino:

– Mas ainda não me disse por que Cecília não veio.

– Eu sei lá? Não vem, porque não quer. Já dantes era uma santa história para a resolver a aproveitar-se de qualquer convite que a menina tinha a bondade de lhe fazer.





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