Uma Família Inglesa - Cap. 21: XXI - O que vale uma resolução Pág. 250 / 432

E tremia de ouvir a resposta. Disseram-lhe que era de uma saibreira que desabara na véspera sobre uns trabalhadores. Respirou!

De outra vez, era um homem que viera a correr desde o princípio da rua e parara defronte da casa, irresoluto, como quem procurava reconhecer uma de entre aquelas diversas moradas. Cecília queria perguntar-lhe quem ele procurava, mas quase não tinha voz para o fazer, tal era o intenso terror que se apossou dela, ao ver este homem.

Parecia-lhe impossível que não fosse algum mensageiro de desgraças.

Afinal conseguiu falar-lhe. O homem procurava um vizinho.

Cecília guiou-o, ainda mal restabelecida do susto que sentira.

Tendo voltado à sala, ouviu tocar a campainha do portal.

Estremeceu alvoroçada de esperanças e de temores.

– Será ele?

Neste tempo já Antónia vinha no corredor e com fleuma inalterável atalhou:

– É o Sr. José Fortunato; são as horas.

Cecília voltou as costas despeitada e triste. Sentiu no coração uma quase má vontade contra o nocturno visitador.

Era de facto o Sr. José Fortunato que chegava.

– Muito boa-noite, menina; passou bem? – disse José Fortunato, ao entrar para a sala.

– Muito aflita, Sr. José Fortunato, muito aflita, não faz ideia! – respondeu Cecília.

– Sim?! – tornou o outro, pousando os vários artigos do seu complicado vestuário, guarda-chuva, capote, cachenez, luvas, chapéu, a caixa do tabaco, e tomando assento no lugar do costume.

– Pois não quer saber? – continuou Cecília – meu pai saiu esta tarde, a dar um passeio, e são as horas que vê, e não voltou ainda a casa!

– Na verdade, é… é célebre! Suceder-lhe-ia alguma coisa?

Pergunta suficientemente tola.

José Fortunato rivalizava com Antónia, na maneira de intervir na presente crise; as suas palavras, longe de serem tranquilizadoras, tinham por efeito exacerbar a inquietação e o susto.





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