Uma Família Inglesa - Cap. 21: XXI - O que vale uma resolução Pág. 253 / 432

A rua estava deserta.

– Olhe se lhe faz mal esse ar – dizia José Fortunato. – A menina parece que está já um pouco tomada da garganta. É preciso cautela; estas constipações desprezadas… Seria bom beber alguma bebida quente.

– Ah! Sr. José Fortunato, Sr. José Fortunato! Aí anda já um pouco de egoísmo; a hora do chá vai passando. Ó barro humano!

– Não sei bem o que tem mão em mim, que não vou eu mesma! – exclamou Cecília ao voltar da janela. – E se isto continua assim, não respondo por o que farei. Oh! Não ser eu rapaz!

José Fortunato não compreendeu qual era o seu dever nesta ocasião. Foi defeito de percepção e não de vontade.

A inteligência era-lhe ronceira e as boas lembranças acudiam-lhe, mas tarde; quando já não era tempo de realizá-las. Foi por isso que só teve a dizer:

– Pois olhem o milagre! Se a menina fosse rapaz!… Mas desengane-se, Sr.a D. Cecília, se tiver sucedido alguma desgraça ao pai, mais minuto, menos minuto, ela há-de saber-se.

– Agradecida, pela consolação! – não pôde deixar de dizer Cecília, com manifesto mau humor.

– De uma vez tinha eu ido a um magusto, aí para os lados da Cruz da Regateira, e ao voltar…

Lá parecia ao Sr. José Fortunato aquela ocasião apropriadíssima para contar um caso.

Antónia dispunha-se para ouvi-lo.

Cecília fez um movimento de impaciência e voltou para a janela.

No momento em que chegou ali, avizinhava-se, vindo da extremidade da rua oposta àquela donde ela esperava o pai, um homem a cavalo.

Era Carlos; voltava do costumado passeio extra-urbano.

Cecília reconheceu-o, e acudiu-lhe uma lembrança.

Enquanto o cavaleiro vencia a distância que o separava ainda de casa, Cecília voltou-se para dentro, dizendo:

– Então não querem ir saber de meu pai, não?

O emprego do verbo no plural foi um empuxão dado à perra inteligência do Sr.





Os capítulos deste livro