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Capítulo 22: XXII - Educação comercial

Página 269

Antónia e José Fortunato eram duas potências aliadas e ciosas das suas prerrogativas e influências para com Manuel Quintino.

– Temos cá o homem! – dissera Antónia a meia voz, ao Sr. Fortunato, quando lhe abriu a porta.

– Quem? – perguntou este, parando nos primeiros degraus da escada.

– O de ontem… O inglês…

– E a que vem ele cá?

– Eu sei. A modo que me não vai agradando isto. Pelos bonitos olhos do pai não é que…

Um negrume toldou o horizonte do coração do Sr. José Fortunato.

Entrou para a sala do serão, o qual se fazia agora no quarto de dormir de Manuel Quintino, visto recomendar-lhe a medicina a prudência de não abandonar o leito.

À habitual saudação do recém-chegado responderam Manuel Quintino e a filha, e, no parecer do homem, alguma coisa mais distraidamente do que do costume.

Não lhe agradou aquela distracção. Carlos fez-lhe um ligeiro sinal de cumprimento e voltou à tarefa em que parecia ocupado.

Procedia-se, naquele momento, à primeira lição comercial.

José Fortunato não podia compreender o que via.

Manuel Quintino, sentado no leito, tinha no rosto a gravidade do professorado, temperada por certo sorriso de dúvida nas boas intenções e na eficácia do estudo do discípulo.

De um lado do leito, sentava-se Carlos Whitestone, partilhando a atenção entre as prelecções de Manuel Quintino e as festas ao gordo gato maltês, que se lhe viera roçar pelas mãos – prova de confiança que nunca dera a José Fortunato, apesar de mais longa convivência.

Havia ainda outro objecto a atrair as atenções de Carlos e porventura a maior ou mais preciosa porção delas – era Cecília.

Em pé, do outro lado da cama, tendo na mão a costura, de que frequentemente se descuidava, seguia com curiosidade as prelecções paternas e as objecções com que as interrompia Carlos, e não podia disfarçar de todo o riso que a singular lição lhe desafiava.

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pág. 269 (Capítulo 22)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 269

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432