Uma Família Inglesa - Cap. 31: XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino Pág. 355 / 432

A menina Jenny é boa e estou que te saberá consolar melhor do que eu… Vai! Não serei eu que te aparte da companhia daquele anjo.

Cecília beijou a mão do pai que, ao separar-se dela, lhe viu lágrimas nos olhos.

À entrada da rua, por onde Cecília seguiu, permaneceu Manuel Quintino até a perder de vista.

– Aquelas lágrimas! Aquelas lágrimas! – murmurava ele, de mal consigo mesmo por não as saber explicar. – E eu que a não posso ver assim sem me dar vontade de chorar também! É forte coisa!

E continuou, com a cabeça baixa, a caminhar para casa.

Manuel Quintino, de distraído que ia, não cortejou a vizinhança, acto de polidez a que raras vezes faltava; e por pouco não ia passando além da porta de casa sem a conhecer.

Antónia, ao vê-lo entrar só, perguntou admirada:

– Então a menina?

– A menina não janta em casa.

– Ora essa! E não me disseram nada!

– Ela resolveu agora mesmo.

– Sempre fazem coisas! E aonde foi ela jantar?

– A casa de Jenny.

– De quem?!

– De Jenny, do Sr. Whitestone…

– Que me diz!

– Sim; a casa do Sr. Richard Whitestone.

– Está bom, está! Bem digo eu!

– Então que é que tem?

– Nada; não tem nada. Visto isso, quer que tire o jantar?

– Sim, tire.

Manuel Quintino jantou pouco. Jantar a que não assistisse Cecília, não era jantar que lhe prestasse.

– Então o senhor não come? – dizia-lhe, a cada passo, Antónia.

– Não tenho vontade.

– Boa te vai!

Manuel Quintino levantou-se da mesa e foi sentar-se à janela.

Antónia, depois de sacudir a toalha, tossiu como quem tinha alguma coisa a dizer.

Manuel Quintino não deu por isso.

Antónia resolveu-se a tomar a iniciativa.

– Ora agora que já jantou, sempre lhe quero dizer uma coisa, Sr. Manuel.

– Diga lá.

– Ainda que, a falar a verdade, eu não devia talvez…

– Pois então não diga.





Os capítulos deste livro