Uma Família Inglesa - Cap. 37: XXXVIII - Justificação de Carlos Pág. 417 / 432

De caminho ia pensando na maneira de proceder para patentear ao pai a inocência de Carlos, sem trair a confiança que a mãe de Paulo depositara nela.

De súbito, acudiu-lhe uma ideia que a fez sorrir. E, em vez de voltar para casa, como tencionava, deu ordem para que a conduzissem ao escritório da Rua dos Ingleses.

Mr. Richard, que passeava na Praça, vendo chegar a filha, aproximou-se dela sorrindo.

– Que madrugada é esta, Jenny?

– Admira-se? Pois há muito que ando por fora.

– Então é dia de feira?

– Não, senhor; mas tenho hoje de lhe dar contas de um trabalho de que me encarreguei.

– Qual?

– Um problema que prometi resolver em oito dias.

– Ah! E então?…

– E então, nem tanto tempo me foi preciso; já possuo a solução; agora só me resta uma dificuldade.

– Qual é?

– Achar a maneira apropriada de lha fazer saber.

– Isso não custa a imaginar.

– Não é muito fácil, porque prometi que não serei eu que a diga.

– E então quem há-de ser?

– É o que venho procurar.

– Aqui?

– Lá acima, ao escritório, onde me deixará subir e demorar algum tempo.

– Como quiseres. E pode saber-se se a solução é satisfatória?

– A melhor possível.

– Duvido.

– Verá.

– Verei.

– Duas palavras mais: os seus caixeiros sabem todos inglês?

– Manuel Quintino…

– Esse sei que sim; os outros?

– Paulo não o fala, mas entende-o; o outro nem o entende, nem o fala.

– Bem. Outra coisa. Há-de fazer-me uma promessa.

– Diz.

– Quando souber a solução do problema, se reconhecer que foi severo de mais para com seu filho, será, em compensação, indulgente para com o verdadeiro culpado.

– Pois há culpados?

– Promete?

– Mas…

– Promete?

– Prometerei, porém…

– Até logo. Ou eu me engano muito, ou, daqui a meia hora, pode vir saber o resultado.





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