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Capítulo 37: XXXVIII - Justificação de Carlos

Página 418

– De ti?

– De mim não. Até logo. E desapareceu, subindo com ligeireza as escadas carunchentas do escritório.

Ao entrar ali dentro, Jenny revestiu-se de um daqueles ares graves e pensativos que tão bem lhe iam à fisionomia simpática.

Estavam na sala Manuel Quintino, Paulo e o outro caixeiro, e todos se levantaram, ao verem entrar a jovem inglesa.

– Por favor, deixem-se estar como estão – disse ela, sentando-se ao pé de Manuel Quintino. – Quero descansar algum tempo aqui; mas não interrompam os trabalhos.

– Estava bem longe de a esperar hoje por estes sítios, miss Jenny – disse Manuel Quintino, continuando a trabalhar.

– Precisei de falar com o pai… Mas que tem, Manuel Quintino? Parece-me triste; Cecília como está?

– Graças a Deus, menina, Cecília… não está mal.

– Então não esteja triste. Para tristezas basto eu.

– Então, miss Jenny, está triste?

– E não pouco, Manuel Quintino.

Manuel Quintino sorriu, como quem duvidava.

– De que se ri? Julga-me incapaz de sentir a tristeza?

– Não, mas não vejo o que possa causar-lha.

– Então ouça e diga se o motivo não é para estes e piores efeitos.

Jenny, passando de repente a falar inglês, como se desejasse ser somente compreendida por Manuel Quintino, a quem se dirigia em tom confidencial, prosseguiu:

– Charles tem excelente coração, como sabe; mas uma cabeça!… Sem o querer, é o motivo de continuados desgostos em casa. Aí está que se dá agora com ele um facto, bem singular, que é a causa da minha tristeza.

E Jenny principiou a contar a Manuel Quintino a história do relógio, o desgosto de Mr. Richard, a insistência de Carlos em ocultar as razões que o moveram àquela venda, razões que ele se limitava a afirmar não serem vis.

– Mas que quer? – prosseguia Jenny – quem o acreditará? Eu e mais ninguém.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 418

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432