Uma Família Inglesa - Cap. 6: VI - Ao despertar de Carlos Pág. 66 / 432

– Então quer almoçar aqui?

– E julgo que é uma resolução muito louvável.

– Mas…

– Mas o quê?… Que objecções lhe pões? Fala.

– É que miss Jenny espera-o na biblioteca.

Carlos de um salto sentou-se na cama.

– Ó pateta! E inda agora me vens com isso? Depressa – chega-me daí esse robe de chambre. – Isso não… não vês que é um dominó?!… Anda… avia-te… Aquele lenço… O outro… Bem… Vai… Diz a Jenny que num momento estou com ela.

E depois de proceder com a maior celeridade àquela ligeira toilette de manhã, Carlos entrou na biblioteca, onde Jenny o esperava.

Era nesta biblioteca que muitas vezes os dois irmãos se entregavam a leituras comuns, restos de hábitos adquiridos na infância, quando pelos mesmos livros estudavam, formando um gracioso grupo de cabeças louras, objecto das contemplações apaixonadas e das bênçãos cordiais de Mr. Richard Whitestone.

– Bom dia, Charles – disse Jenny, estendendo-lhe a mão, que ele apertou afectuosamente.

– Fiz-te esperar muito, filha? Perdoa-me; mas aquele pateta não soube dizer-me logo que tu…

– Desculpa mandar-te acordar, mas…

– Fizeste bem; senão, dormiria até à noite.

– Vieste ontem muito tarde, Charles – disse Jenny, abaixando-se disfarçadamente para acariciar o terra-nova, que se lhe deitara aos pés.

– Pois ouviste-me?

– Ouvi.

– Então acordei-te, Jenny? Não foi por falta de cautela, porém… sempre sou um desastrado!

– Não, não acordaste. Eu não tinha adormecido ainda.

– Não tinhas adormecido! Às quatro horas!

Estiveste doente, Jenny?

– Não, mas…

Carlos olhou para a irmã com uns modos que procurou tornar severos.

– Querem ver que foi por minha causa?… Então que te tenho dito, Jenny? Fico de mal contigo se tornares a ter essas canseiras por mim, a ponto de…

– Não, não foi por canseira, é que…

– É que tu és uma teimosa e o que merecias…

– Não se trata agora disso.





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