As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 30: Capítulo 30 Pág. 148 / 174

A chorar, disse que era uma recordação que lhe ficava e que nenhuma outra lhe era tão querida, porque fora aquela a última coisa que estivera junto dela antes de a morte a levar.

Contava-se que, mal se via brilhar uma luz, se chamava pelos pequenos e uma porção de homens corria na expectativa de os agarrar.

Passaram assim três dias e três noites horríveis, e já toda a aldeia começava a perder a esperança. Ninguém tinha coragem para trabalhar.

Quando, por acaso, se descobriu que nas dependências da Estalagem da Temperança havia uma provisão de álcool, o público não se interessou pelo caso, que noutra altura seria considerado tremendo.

Num pequeno espaço de tempo em que esteve lúcido, Huck falou de estalagens e perguntou cheio de receio se tinha sido descoberta alguma coisa na Estalagem da Temperança, desde que estava doente.

- Descobriram, sim! - disse a viúva.

De olhos espantados, Huck sentou-se na cama.

- Que foi? Que encontraram?

- Encontraram álcool, e em vista disto fecharam a casa. Deita-te. Pregaste-me um susto!

- Diga-me só uma coisa, sim? Foi Tom Sawyer quem o descobriu?

A viúva começou a chorar.

- Cala-te, filho, cala-te! Já te disse que não podes falar. Estás muito doente.

Então só tinha sido descoberto álcool! Devia ser assim, na verdade, porque se tivessem encontrado mais alguma coisa, o barulho seria muito maior. O tesouro desaparecera para sempre, para sempre! Mas porque estaria ela a chorar? Era estranho que ela chorasse.

À força de pensar nestas coisas que não percebia, Huck adormeceu, e a viúva disse consigo:

- Coitado, acabou por adormecer. Se Tom Sawyer descobriu o álcool!

Quem nos dera a nós que alguém descobrisse Tom Sawyer! Infelizmente, já poucos têm esperança ou energia para continuar a procurar.





Os capítulos deste livro