As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 37 / 174

Tom começou então a escrever na pedra umas palavras que procurava esconder. Mas desta vez Becky não se fez rogada e pediu para ver.

- Não é nada! - respondeu Tom.

- É, sim.

- Não é, não. Não vês.

- Vejo, sim, vejo. Mostra-me.

- Não dizes nada?

- Não digo. Não digo a ninguém, ninguém!

- Não dizes a ninguém? Em toda a tua vida?

- Não digo a ninguém, agora deixa-me ver.

- Tu não queres ver.

- Só por seres assim, hei-de ver.

E, dizendo isto, pôs a mãozinha sobre a dele, e seguiu-se uma pequena luta, durante a qual Tom fingiu resistir, mas foi afastando a mão até que ficaram à vista estas palavras: «Amo-te.»

- És parvo! - respondeu ela, batendo-lhe, mas corando e parecendo satisfeita.

Precisamente neste momento o rapaz sentiu que alguém lhe agarrava a orelha, obrigando-o a levantar-se. Assim atravessou a sala e foi até o seu lugar, no meio das risadas de toda a escola.

Ali, o professor ficou uns minutos, até que se encaminhou para a secretária sem dizer uma palavra. Tom tinha a orelha a arder, mas o seu coração rejubilava.

Quando todos na aula se aquietaram, Tom fez o possível por estudar, mas estava muito agitado para o conseguir. As lições foram-se seguindo. Na lição de leitura, Tom fez uma enorme trapalhada, na geografia transformou lagos em montanhas, montanhas em rios e rios em continentes, até que de novo o caos voltou, e, finalmente, no ditado, fez erros nas palavras mais simples, perdendo desta maneira a medalha de estanho em que fizera tanto gosto durante meses.





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