A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 7: VII Pág. 106 / 508

.. Ah! ah! ah!... Tem diabo o pequeno... Pois cá a respeito da rapariga?... Isso é uma comédia!... Não se farta de me ouvir falar dela... Ah, Sr. Augusto, às vezes chego a ter pena de que isto nascesse minha filha.

Ermelinda fitou o pai com olhos espantados.

- Sim, filha, - prosseguiu ele. - Deus não te devia dar a um homem como eu, que enfim... Com os diabos! lá alma e coração... não quero que haja por aí quem me leve a barra adiante. Eu por um amigo... e com mil demónios! até por um inimigo, se não for soberbo, vamos lá, dou a camisa do corpo... Mas o mundo... Bem, bem; eu não me entendo. Vamos à minha tarefa. Mas que tem você estado para aí a pregar, compadre, desde que eu entrei? Hum! hum! Parece-me que já se cantou a glória, hoje, visto que já se está ao sermão.

Efectivamente Zé P’reira tinha apenas concedido ao seu compadre um olhar de distracção e um aceno de mão, e voltara de novo às suas queixas amargas contra a sorte e contra a esposa.

Interrogado pelo Herodes, Zé P’reira reproduziu uma das suas lamentações; o compadre, enquanto desenfardelava a mala, ia cortando com reflexões próprias essa longa jeremiada.

Então com que a Ti’ Zefa deixou-o sem caldo, hem? É mal feito, a falar verdade. Lume apagado em casa de família é coisa triste... Aqui está um livro para si, Sr. Augusto... Mas deixe lá, compadre, que a minha pequena arranja-lhe num ai algumas berças... Também eu estou em jejum desde as cinco horas da manhã... Mas estes missionários! Ah! com seiscentas mil dúzias de demónios, eu ainda queria um dia...

- Deus Nosso Senhor seja nesta casa - disse uma voz gemida à porta da cozinha.

- E o demo na do abade - resmungou Herodes.

Era a Sr.ª Catarina do Nascimento de S. João Baptista, tipo de beata, que dispensa descrição, que regressava a casa depois de completar o ciclo das suas devoções.





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