Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 8: VIII

Página 114
fez germinar, envolverem-se as folhas, estenderem-se e enflorarem-se os ramos, penderem os frutos e colorirem-se das tintas da madureza; mas, enquanto vergado, coberto de suor, arquejante, se afadiga a arrotear o terreno duro, e quem sabe se ingrato aos seus cuidados, muita vez lhe falece o alento, e, se olha de quando em quando para o Céu, não é para lhe agradecer com risos os gozos que ele lhe dá; mas para lhe pedir, com lágrimas, a força que lhe mingua.

De igual modo, se é grato ao cultor das inteligências o vê-las desenvolver, florir, frutificar; árdua, ímproba, desesperadora é muita vez a tarefa da sua primeira educação. É mister possuir um grande tesouro de ideal, para que o suave e risonho tipo, que da infância concebemos, não se transtorne, na fantasia destas vítimas dela, em não sei que figura diabólica e maligna, que lhes envenena todos os momentos de alegria.

Além disso, o pobre professor de instrução primária, sobre quem pesam os mais fastidiosos encargos da instrução, não pode ser comparado absolutamente ao agricultor do nosso símile; é antes o jornaleiro contratado por magro salário, para, à força de braço, lavrar o solo, donde, mais tarde, romperá a vegetação, que ele não terá de ver e que a outros concederá os gozos e o benefício. Venceu também o humilde professor, e por o mesmo preço que o jornaleiro, que não vão mais longe com ele as liberalidades dos nossos governos, venceu as maiores cruezas do magistério, mas não terá também o resultado das suas fadigas. Fogem-lhe as inteligências que educou, justamente quando com mais amor as devia contemplar, e, se o destino reserva a qualquer dessas inteligências um futuro de glórias, raro é que volvam um olhar agradecido para as humildes mãos que as sustentaram, quando ainda não tinham asas para voar.

<< Página Anterior

pág. 114 (Capítulo 8)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 114

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506