A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 10: X Pág. 156 / 508

Cristina fechava o cortejo.

O mau humor de Henrique aumentara de ponto, em consequência dos receios com que as duas raparigas tinham visto Augusto abandonar, por momentos, a direcção do rancho.

Ficava assim bem evidente a pouca ou nenhuma confiança que lhes estava merecendo o auxílio de Henrique, representando assim ele naquela contingência, em vez do papel de protector, o de protegido, que o humilhava.

Obrigado a digerir, como pudesse, o seu fundo descontentamento, Henrique perdera com isso aquela volubilidade de conversação que mantivera todo o dia.

Nunca, na presença de Madalena, deixara passar tanto tempo sem formular um desses galanteios que a impacientavam e obrigavam a uma resposta, nem sempre demasiado afável.

Madalena, por seu lado, não se sentia com disposição para falar. Cristina menos.

Este silêncio acabou por exasperar Henrique.

Haviam já percorrido grande parte do caminho, que os distanciava do riacho. Avistavam-se as águas turvas e impetuosas, que, com maior fragor do que nunca, se contorciam naquele apertado leito.

Foi então que Henrique desafogou o seu ressentimento.

- Estou deveras arrependido, prima Madalena, - disse ele com leve ironia - do meu espontâneo movimento de há pouco.

Devia lembrar-me de que ao nosso cavaleiroso guia devem pertencer todos os triunfos e toda a glória desta jornada; mas, como daquela vez se me figurou que era demasiado cauteloso para herói... Uma simultânea exclamação de Madalena e de Cristina não o deixou prosseguir.

Voltando-se para saber a causa que o motivara, viu-as paradas, pálidas, olhando com ansiedade para a base do monte.

Seguindo a direcção do olhar delas, Henrique reconheceu a causa daquele duplo grito.

Referimo-la em poucas palavras.

Quando Augusto chegou ao ribeiro, para averiguar se a ponte estava ou não transitável, surpreendeu-o um espectáculo inesperado.





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