A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 17: XVII Pág. 269 / 508

.. estou à espera delas... Ora isto não se faz. O senhor sabe que eu lhe tenho vencido as eleições com a gente da minha freguesia, que vai para onde eu a levo. Pois agora não sei o que será. A não se decidir este negócio depressa.

- Ora não será isso motivo para tanto.

- Com certeza que é - insistiu o Sr. Joãozinho. - Então digo- -lhe mais: a mim já me falaram. Há aí alguém que não desgostaria dos votos de que eu disponho, e votar pelos que já estão no poleiro não sei se lhe diga que não é pior.

O conselheiro, mortificado como estava, disse, sorrindo:

- Não posso convencer-me de que o meu amigo seja capaz de fazer isso por qualquer causa que possa dar-se. Mas deixe estar que, em relação ao que me diz, eu verei.

- Mau! Não é «eu verei». Então falo-lhe claro. Se daqui até às eleições não estiver feito o despacho, não conte comigo.

- Mas quem lhe diz que não há-de estar?

- Pois lá isso...

- Sossegue. Hoje mesmo escrevo para Lisboa.

- Bem.

O sino tocava a chamar para a festa.

Terminou o diálogo.

O pior - ia pensando o conselheiro - o pior é que prometi ao Vicente que apressaria o despacho de Augusto. Não tem dúvida; é tão magra a posta, que não vale a pena disputá-la. Para Augusto arranjarei alguma coisa melhor. É preciso ter ambição por ele. Se ele quisesse ir para Lisboa? Mas, pelo que me disse este basbaque, já se maquina no campo contrário! Hei-de sondar o Tapadas, a ver o que sabe.

Estas conferências com o Brasileiro e com o Morgado tinham mortificado o pai de Madalena a ponto de não conter um movimento de impaciência, assim que viu que o Pertunhas se aproximava dele, e, à força de cortesias e cumprimentos, lhe pedia um momento de atenção.

Sabidas as contas, tratava-se do tal emprego de recebedor, que o latinista com tanto ardor namorava.





Os capítulos deste livro