Foi também o Brasileiro quem trouxe à flor de água os antigos excessos demagógicos, que caracterizaram o princípio da carreira política do conselheiro, e referia, com modos de horrorizado, a substância dos exaltados discursos que ele proferira nas Câmaras, advogando ideias cuja só exposição feria de pavor a imaginação dos povos.
Finalmente, até o princípio dos trabalhos para as estradas, cujo protraído adiamento fora até àquele tempo um capítulo de acusação contra o pai de Madalena, servia agora de arma à oposição.
O Brasileiro, em atenção a quem se adoptara o traçado que ia ser posto em execução, era o que provava à saciedade, com grande exibição de cifras e de razões económicas, ser esse traçado, sobre dispendioso, irracional.
E cumpre advertir que estes argumentos ouvira-os ele ao próprio conselheiro, quando este os alegava para ver se conseguia demovê-lo do empenho que mostrava em que o traçado em questão fosse preferido aos outros. Tal era o estado das coisas públicas na terra no dia em que principiaram os primeiros trabalhos de campo.
Tinham-se passado alguns dias depois da prisão do Herodes.
A aldeia vira-se invadida por um bando de seres desconhecidos, que vieram alterar a perene serenidade de ânimo de uma população habituada a considerar como ocorrências de máximo interesse a reforma dos muros ou das cancelas de qualquer proprietário da localidade.
A coorte de engenheiros, condutores, apontadores, cantoneiros e mais operários vinha, com seus hábitos e costumes novos, fazer tantas ou maiores mudanças na vida moral da aldeia do que nas condições físicas dela as bandeirolas, os niveladores, as enxadas, as pás, alviões, picaretas, carros de mão e padiolas, de que era armada essa coorte.
Por isso corria uma verdadeira romagem para o lugar onde com a maior actividade tinham começado os trabalhos.