A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 24: XXIV Pág. 381 / 508

.. Ó Cosme!... Mata este maldito!...

A falange do Sr. Joãozinho correu em socorro do chefe. O varapau do Cosme girou no ar, produzindo um zunido como o de um enorme zângão.

O braço diligente do Canada, movido pelo empenho de salvar o crédito do estabelecimento, afastou a tempo Henrique do terrível embate, que infalivelmente lhe seria fatal.

A pancada caiu sobre a mesa, que lascou ao comprido.

Henrique estava incólume, e o morgado solto.

Mas o perigo não passara para Henrique. O morgado preparava-se com os seus para nova investida, quando se ouviu a voz do Brasileiro e do padre bradarem:

- Já estão a tocar o sino! Ao cemitério enquanto é tempo! E no entretanto o Brasileiro, chamando de lado o Cosme, convencia-o, por vários géneros de argumentos, da conveniência deste partido, e tão convencido o deixou, que ele berrou daí a pouco:

- Deixa o homem para outra vez, João; deixa-o e vamos a eles ao cemitério!

- Ao cemitério, ao cemitério! - repetiam algumas vozes.

- E queime-se a papelada da Câmara!

- E mate-se o escrivão da Fazenda!

- E quebrem-se os vidros do Mosteiro!

- E pegue-se fogo à casa!

- Eram de bastante força estes argumentos para convencer o Sr. Joãozinho.

- Pois vá lá, rapazes. Com este faremos contas depois. Ao cemitério! Atiremos a terra com o tal mausoléu!

E prepararam-se para sair tumultuariamente. Henrique, ouvindo isto, percebeu do que se tratava, e, prevendo sérios riscos para as senhoras do Mosteiro, desembaraçou-se dos braços do Canada, que teimava em segurá-lo e em dar-lhe conselhos de prudência, e correu a montar a cavalo para se antecipar aos desordeiros.

Efectivamente assim o fez; mas, ao passar por entre o grupo deles, o varapau do Cosme, floreteando outra vez no ar, caiu sobre a cabeça do cavalo.





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