A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 28: XXVIII Pág. 431 / 508

Não lhe sobrava muito tempo para trabalhos, porque daí a dois dias realizavam-se as eleições; tudo estava por fazer, enquanto que os seus adversários havia muito que tinham tudo feito. Alguns dos personagens políticos, com que contava, falhavam-lhe, e até nem o visitavam. As autoridades locais eram-lhe manifestamente hostis, desde o administrador até o cabo de polícia.

Henrique percebeu a violência que sobre si estava fazendo o conselheiro para conversar em assuntos alheios à questão que o interessava, para sorrir e prestar atenção ao que se dizia.

De quando em quando lia ou relia uma carta, tomava um apontamento, escrevia um bilhete, retirava-se por momentos para receber algum agente eleitoral que o procurava, despachava um emissário; finalmente não podia sossegar.

Foi na ocasião em que ele consultava mais uma vez a lista dos recenseados daquele círculo eleitoral, enquanto Henrique e Madalena faziam por distrair Ângelo, conversando em vários assuntos, que entrou D. Vitória, a quem acabava de ser formulado por D. Doroteia, e em nome de Henrique, o pedido da mão de Cristina.

D. Vitória trazia bem visível na fisionomia todo o júbilo que a nova lhe causara. Era muito amiga de Madalena, mas, desculpem- lhe esta vaidade maternal, o que mais que tudo a lisonjeara fora a preferência dada por Henrique a sua filha sobre a Morgadinha.

- Tenho muito que lhe ralhar, Sr. Henrique - dizia ela. - Estou mesmo muito arrenegada consigo.

- Porquê, minha senhora? - perguntou Henrique, sorrindo.

- Pois então isto é coisa que se faça? Já precisa de embaixadores para se dirigir a mim?

- Perdão, minha senhora! Era do meu dever deixar completa liberdade a V. Ex.ª a para fazer todas as reflexões que a proposta lhe sugerisse e discuti-la à vontade, e, por delicadeza, podia V.





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