A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 32: XXXIII Pág. 501 / 508

E, acabando de dizer estas palavras, Augusto inclinou-se respeitosamente diante do conselheiro, e ia a sair, depois de lançar a Madalena um extremo olhar de despedida.

A Morgadinha, porém, ergueu-se, e, apesar dos esforços de Cristina para a reter, veio colocar-se no caminho de Augusto, e, estendendo-lhe a mão, disse:

- Não saia, Augusto. Em nome de meu pai lhe peço que não saia.

- Madalena! - disse o conselheiro com severidade.

- Sim, em seu nome, senhor, porque quero livrar-lhe o futuro de remorsos; sim, em seu nome, porque hei-de fazer-lhe ouvir a voz do coração, que tantas vezes desatende, arrependendo-se amargamente depois.

- Madalena! - repetiu o conselheiro com mais força.

- Minha senhora! - disse Augusto.

Porém a Morgadinha obedecia agora inteiramente à veemência do seu carácter apaixonado.

- Sinceramente revelei há pouco os sentimentos do meu coração; todos me ouviram; todos ouviram agora Augusto. Fale, senhor, com a mesma franqueza e lealdade com que nós o fizemos: poderá confessar a natureza dos escrúpulos que o obrigam a essa resistência? Não se envergonharia deles? E quer que lhe obedeça? Mas obedecer-lhe seria ofendê-lo, porque seria acreditar na constância dessa má paixão que o domina e no seu bom coração não pode ela durar muito tempo.

O conselheiro, no auge da irritação, ia talvez a responder violentamente.

Cristina e Ângelo tinham-se aproximado de Madalena; as outras senhoras principiavam a ensaiar em surdina as primeiras tentativas conciliadoras; Henrique meditava um plano de intervenção, que ele supunha já indispensável, quando um incidente veio interromper esta cena e modificar a feição crítica do caso.

O incidente foi a chegada de um criado de farda, pertencente ao serviço de um proprietário da vila próxima.





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