A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 32: XXXIII Pág. 502 / 508

Este criado era portador de uma mensagem para o conselheiro.

O velho Torcato tinha adormecido na sala imediata; o lacaio dispensou-se de o acordar, e guiou-se pelo som das vozes para chegar à presença do conselheiro.

A chegada do lacaio acalmou a tempestade doméstica, que principiava a carregar-se.

O conselheiro, conhecendo-o, interrogou-o sobre o fim daquela visita.

O criado respondeu:

- Venho para entregar a V. Ex.ª esta parte telegráfica, que chegou a meu amo logo depois que tinham partido as malas do correio, de maneira que não pôde mandá-la com elas.

O conselheiro, agitado ainda, pegou no papel que o mensageiro lhe deu, e correu-o com a vista.

Imediatamente um raio de alegria lhe fuzilou nos olhos.

Acabando de ler, disse ao criado, que esperava resposta:

- Diz a teu amo que recebi e que pode responder que sim.

O criado saiu.

Neste meio tempo as senhoras e Cristina rodeavam Madalena e combinavam um projecto de harmonia doméstica; Ângelo e Henrique desempenhavam-se junto de Augusto de quase idêntica tarefa.

O conselheiro estendeu a Henrique a parte telegráfica, enquanto que uma visível satisfação se lhe desenhara no semblante.

- Leia e admire - disse ele.

Henrique leu e não reteve uma exclamação de surpresa.

A parte dizia: «Avise o conselheiro Manuel Berardo para quanto antes se apresentar em Lisboa. Estou encarregado de organizar ministério e quero que ele aceite uma das pastas».

Assinava-a um dos mais notáveis vultos políticos do país.

Henrique, que sabia o valor de certas oportunidades, e a quem a surpresa da notícia não fez esquecer a crise doméstica a que assistira, disse logo que acabou de ler, e dirigindo-se a Madalena:

- Prima Madalena, compete-lhe ser a primeira a dar ao novo ministro os emboras pela sua nomeação.





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