A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 4: IV Pág. 61 / 508

Eu sou filha de Manuel Berardo de Mesquita e... Este nome era o de um dos principais vultos políticos da época, e que então militava no campo oposicionista, sendo indigitado para ministro na primeira reforma ministerial; homem influente, de grande capacidade política, tendo sempre advogado no Parlamento as ideias mais liberais, e militado no partido Progressista.

Henrique de Souselas, que conhecia todas as personagens de importância no país, fitou Madalena com olhar estupefacto; tão longe estava de encontrar ali a filha de um futuro ministro.

- Filha do Conselheiro Manuel Berardo! V. Ex.ª?

- Excelência! Esquece-se da nossa convenção? Repare! É verdade.

Não sabia que meu pai era daqui? Eu e meu irmão Ângelo, que estuda actualmente num colégio em Lisboa, somos os únicos filhos de meu pai. Nasci, como disse, em Lisboa, mas as contínuas enfermidades de minha mãe fizeram-nos vir para aqui viver na companhia dela; aqui mesmo morreu, e aqui está sepultada. O Ângelo nasceu já nesta casa. A morte de minha mãe deixou-me órfã aos doze anos, e incompleta a educação que ela principiara a dar- -me e para a qual, se vivesse, ela só bastaria. Fui pois obrigada a voltar a Lisboa, onde continuei com mestra a minha educação.

Mas, ao chegar à idade dos quinze anos, receando meu pai que os ares da cidade desenvolvessem em mim gérmenes de moléstia que porventura tivesse herdado, mandou-me outra vez para aqui, onde sempre passava alguns meses no ano, e para onde me chamavam também hábitos adquiridos em criança. Eu sou muito aldeã. Para aqui vim, pois. A morte de meu tio, passado pouco tempo, impressionou profundamente a minha tia Vitória, que ficou desde então um pouco... um pouco... com pouca paciência para olhar por as coisas domésticas.





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