A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 5: V Pág. 78 / 508

- Ó meninos! - exclamou D. Vitória, que até ali estivera distraída a discutir com Madalena. - Então isso que é? Já para baixo.

Ai, se lhes dá confiança, está arranjado, primo.

- Deixe-os estar, minha senhora; este contacto de alegrias é salutar; pegam-se.

- E não o diga a brincar - disse Madalena -, que também confio nessas crianças para o curarem dos seus males.

- Então deveras empreendeu curar-me?

- Com toda a certeza.

- Nesse caso havemos de discutir devagar esse ponto de patologia.

- Não havemos, não, senhor. É mau médico o que sofre que o doente o interrogue sobre a moléstia e o tratamento. O médico deve ser obedecido com fé, e cega.

Cristina que, havia muito, defronte de Madalena, fazia esforços por lhe chamar a atenção, resolveu-se a falar-lhe.

- Lena - disse ela - que te parece a lembrança que teve há pouco a mamã?

- A das consoadas? Excelente.

- Não, menina, a do passeio à ermida.

- Ah! Excelente também. Marquemos já o dia.

- Quando queres?

- Depois de amanhã, que é quinta-feira.

- Seja.

- Que diz, primo Henrique?

- Quando quiserem, primas; agora mesmo...

- Mas, veja lá: atreve-se a fazer uma madrugada?

- Pois não viu hoje?

- Ai, pois não! Na aldeia não se chama a isso uma madrugada.

É preciso que se levante às horas a que se deitava na cidade.

- Que estás a dizer, Lena? - acudiu Cristina. - Deixe-a falar.

Basta que saiamos daqui às cinco horas.

- Esta inocente Cristina! Pois não é o mesmo que eu digo? Pergunta ao primo Henrique se tinha costume de se deitar mais cedo em Lisboa?

- Engana-se, prima Madalena; lembre-se de que, há perto de um ano, sou valetudinário.

- Ai, é verdade, que me tinha esquecido. O que vejo é que há por aqui muita indolência.





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