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Capítulo 5: V

Página 79

- Quem a ouvir falar, há-de julgar que será ela a mais madrugadora; ora havemos de ver - disse Cristina.

Madalena pôs-se a rir.

E o passeio ficou ajustado. A Morgadinha lembrou que se convidasse Augusto, por ser conhecedor do sítio e poder mostrar os mais belos pontos de vista.

Henrique saiu finalmente da quinta do Mosteiro, já retardado uma boa hora ao que prometera à tia Doroteia.

Um criado serviu-lhe de guia até Alvapenha.

Henrique de Souselas, ao findar aquela manhã, era inteiramente outro do que viera para a aldeia. Todas aquelas horas se haviam passado, sem que o afligissem os males habituais, sem que nem sequer pensasse neles. O viver íntimo a que assistira, a troca recíproca de afectos entre os membros de tão numerosa família, a franqueza cordial com que fora recebido, produziram nele uma impressão profunda.

Costumado ao viver desconsolador e de gelo de rapaz solteiro e só; não passando, nas casas que visitava, além da sala de visitas, esse palco artificioso e reservado, onde as famílias ante as famílias representam a comédia social, Henrique estranhara, mas agradavelmente, o espectáculo, quase novo, daquele interior, daqueles modestos costumes, daquelas alegrias, que não se envergonhavam de aparecer sem reservas nem disfarces. Foi uma revelação que recebeu. Sorriu-lhe a ideia de ter um dia uma família assim; de viver entre crianças que lhe trepassem aos joelhos, na companhia de afectos, que ali via manifestarem-se, e até com alguém que ralhasse com os criados, à maneira de D. Vitória.

Escusado é dizer que a imagem da Morgadinha aparecia sempre nestes quadros que lhe traçava a fantasia; assim como, nos quadros dos grandes mestres, aparecem quase sempre reproduzidas as feições queridas da mulher que eles traziam no pensamento e a quem deram assim a imortalidade.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 79

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506