As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 23: Capítulo 23 Pág. 115 / 174

A mão de qualquer de vocês pode entrar pelas grades, mas a minha é grande de mais e não cabe. Mãos pequenas e fracas, mas que têm ajudado Muff Potter, e o ajudariam mais se pudessem.

Tom sentia-se infelicíssimo quando foi para casa, e nessa noite teve sonhos horríveis. Nos dias seguintes não se afastou do tribunal; sentia um desejo irresistível de entrar mas conseguiu dominar-se. Huck estava com ele. Faziam tudo para se evitar um ao outro, e cada um deles vagueava por seu lado, mas a mesma atracção triste os obrigava a voltar ali. Tom escutava atento o que diziam os que saíam do tribunal, mas as notícias eram tristes e as provações iam-se agravando à volta de Muff Potter.

No fim do segundo dia, toda a gente na aldeia falava acerca do efeito exercido pelos depoimentos firmes de Injun Joe, e ninguém duvidava já do que o júri resolveria.

Nessa noite, Tom andou por fora até muito tarde e, quando foi deitar -se, saltou pela janela. Ia num estado de agitação tremendo e levou horas para adormecer. No dia seguinte toda a população da aldeia estava reunida em volta do tribunal, pois o julgamento devia realizar-se nesse dia. Ambos os sexos estavam ali representados e, depois de uma longa espera, o júri apareceu e tomou os seus lugares; pouco depois trouxeram Potter, pálido, desvairado, tímido e triste; sentaram-no num lugar onde todos os curiosos pudessem vê-lo bem. Injun joe, impassível como sempre, ocupou um lugar em que ficava tanto à vista como ele. Depois de outra pausa chegou o juiz, e o xerife disse que estava aberta a audiência. Houve os costumados segredos entre os advogados e uma troca de papéis. Estes pormenores e as demoras subsequentes prepararam uma atmosfera impressionante.

Foi chamada então uma testemunha, que afirmou ter encontrado Muff Potter a lavar-se no ribeiro, na manhã em que o crime fora descoberto, e que ele se afastara imediatamente.

Depois de algumas perguntas mais, a acusação perguntou à defesa se queria interrogar a testemunha.

O acusado levantou os olhos por um momento, mas logo os baixou ao ouvir o seu advogado dizer:

- Não tenho perguntas a fazer.

A testemunha que se seguiu confirmou que a navalha fora encontrada junto do cadáver. De novo a defesa se recusou a interrogar a testemunha. A terceira testemunha jurou que vira muitas vezes a navalha na mão de Potter. Também esta a defesa não quis interrogar.





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