As Aventuras de Tom Sawyer - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 40 / 174

- Queres? Eu tenho e dou-te, se depois mo deixares mascar também.

Concordaram ambos e mascaram-no cada um por sua vez, batendo com as pernas no banco para mostrarem o seu contentamento.

- Já alguma vez foste ao circo? - perguntou Tom.

- Já. E o meu pai prometeu levar-me outra vez, se me portar bem.

- Eu já fui umas três ou quatro vezes, muitas vezes mesmo. A igreja não se compara com um circo. Num circo passam-se coisas muito engraçadas. Eu, quando for grande, vou ser palhaço de circo. • - Vais? Há-de ser engraçado. Acho-os tão bonitos, todos às manchas!

- Pois são, e ganham rios de dinheiro. A maior parte deles ganha um dólar por dia, diz Ben Rogers. Ouve cá, Becky, já alguma vez estiveste noiva?

- O que é isso?

- Prometida para casar.

- Não.

- E gostavas de estar?

- Calculo que sim. Não sei... Como é isso?

- Como? Não sei bem explicar. .. Mas olha, diz-se a um rapaz que nunca se gostou de ninguém senão dele, nunca, nunca, dá-se um beijo e pronto. Qualquer pessoa pode fazer isso.

- Um beijo? Um beijo para quê?

- Porque... sabes, é para... Enfim, faz-se sempre isso...

-Todos?

- Sim, todos que gostam uns dos outros. Não te lembras do que escrevi na pedra?

-Lembro.

- O que era?

- Não digo.

- Queres que eu diga?

- Sim, mas para a outra vez.

- Não, agora.

- Agora não, amanhã.

- Agora, Becky. Eu digo baixinho, muito baixinho.

Como Becky hesitasse, Tom tomou esse silêncio como consentimento e, passando-lhe o braço em volta da cintura, segredou-lhe as mesmas palavras, pondo-lhe a boca muito pertinho da orelha, e acrescentou:

- Agora dizes-me tu a mim também em segredo.

Ela resistiu por momentos, mas por fim cedeu:

- Vira a cara para lá, para não veres. Só assim é que digo. Mas tu não contas a ninguém, ouviste, Tom? A ninguém, hem?

- A ninguém, prometo.

Tom voltou a cara para o lado e ela, curvando-se timidamente, afastou-lhe os caracóis da orelha e disse:

- Amo-te.

Em seguida endireitou-se e começou a correr à roda das carteiras e dos bancos. Tom perseguiu-a, até que ela se refugiou num canto, pondo o bibe branco a tapar-lhe a cara. O rapaz abraçou-a pelo pescoço e pediu:

- Vamos, Becky, fizeste tudo, mas não me deste um beijo. Não tenhas medo que não custa nada. Anda, Becky!





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