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Capítulo 10: X

Página 149
Simplesmente um preceito de civilidade.

Henrique ia a responder irritado, mas conteve-se e tornou com dobrada ironia:

- É verdade, é verdade... esquecia-me que a civilidade entra no seu programa... de mestre-escola.

- Justamente; e tenho alguns discípulos que lisonjeiam o mestre; rapazinhos da aldeia, pobres, rotos e descalços, mas que nesse ponto podem dar lições a elegantes filhos das cidades.

- Pois estimarei, nas minhas longas horas de ócio, aqui na aldeia, dever-lhe algumas lições também. Contudo, como, felizmente, as circunstâncias em que estou me permitem prescindir do benefício do Estado, que o subsidia, há-de conceder-me que pague as lições que receber.

- Nunca me envergonhei de aceitar a recompensa do meu trabalho, se o discípulo pode dar-ma... sem sacrifício.

- E aceita-a em toda a espécie de moeda, não é verdade? - perguntou Henrique, cada vez mais petulantemente.

Augusto respondeu com a mesma serenidade:

- Não faço também escrúpulo nisso, contanto que me fique o direito salvo de pagar na mesma espécie de trocos, quando julgar que os devo.

O diálogo ia, como vamos vendo, de momento para momento adquirindo mais acerbo carácter.

Cristina, que já tremia de assustada, cingiu o braço de Madalena, como para convidá-la a intervir.

Esta não o tinha ainda feito por uma simples razão. Desconhecia Augusto. A audácia com que o via repelir as ironias do seu adversário, a firmeza inalterável com que lhe sustentava o olhar, o sorriso, que, em desdéns, rivalizava com o dele, eram tão novos para a Morgadinha, que a surpresa, que daí lhe vinha, nem a deixava ainda perceber a utilidade de uma intervenção. O aviso de Cristina chamou-a, porém, à realidade.

- Tem-me querido parecer, ainda que me custa a acreditar, que isso entre os senhores é uma altercação - disse ela por fim.

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pág. 149 (Capítulo 10)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 149

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506