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Capítulo 11: XI

Página 162
Em todas as tavernas das freguesias vizinhas tinha contas em aberto, o que não obstava a que entrasse em todas com ares de conquistador e expendesse ali as suas opiniões absolutas, com grande exibição de berros e de punhadas.

Com todas estas qualidades, era o Sr. Joãozinho das Perdizes um homem verdadeiramente popular entre os da sua freguesia; movia-os no sentido que quisesse.

Tudo por lá era o Sr. Joãozinho; não havia função, rixa, solenidade oficial, para que ele não fosse consultado. É que a superioridade do morgado das Perdizes não era daquelas que intimidam e acanham o povo; ninguém hesitava em falar-lhe e em procurá-lo em casa, porque, falando e vivendo com eles, o Sr. Joãozinho não constrangia ninguém. Os seus defeitos, a sua vida de feiras e de tavernas eram outras tantas causas a popularizá-lo; justo é porém que se diga que algumas boas qualidades também para isso concorriam.

O Sr. Joãozinho não era avarento, nem soberbo. Sentado a beber, e com dinheiro no bolso, não consentia que pessoa alguma, desde o mais rico proprietário até o jornaleiro mais miserável, recusasse tomar assento a seu lado. Não eram poucos os filhos- -famílias que resgatara de soldado, sem a menor caução ou interesse, chegando a ficar empenhado para os livrar; e, se algum desgraçado se via perseguido pela justiça, encontrava, fosse qual fosse a enormidade do crime, asilo seguro na herdade das Perdizes, que em certas épocas era um perfeito valhacouto de malfeitores.

Graças, pois, a estas e análogas qualidades, era o Sr. Joãozinho uma verdadeira potência eleitoral.

Eis aí o homem moralmente.

Pelo lado físico, suponham um sujeito de trinta e cinco anos, gordo, vermelho, de longas e encaracoladas melenas em desordem, bigode aparado e a barba quase sempre mal feita ou por fazer.

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pág. 162 (Capítulo 11)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 162

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506