Depois de grande exibição de cortesias, para a direita e para a esquerda, o Tapadas dirigiu-se ao conselheiro, que o fez sentar ao seu lado, concedendo-lhe todas as provas de deferência e amizade.
O homem, que tão judiciosa dissertação acabava de fazer sobre a política abstracta, sentiu, na presença do recém-chegado, que de novo o abandonava o espírito da utopia e principiou a tratar com ele política prática, sob a feição mais mexeriqueira que ela pode revestir.
Tratou-se dos pequeninos processos de preparar candidaturas, por força ou vontade dos representados.
Henrique deixou-os na conferência e foi sentar-se ao pé das senhoras, no grupo formado por Madalena, Cristina e Ângelo.
Escuso de referir o diálogo em que tomaram parte estes interlocutores; reproduziram-se nele os galanteios de Henrique a Madalena, a leve ironia desta e as respostas tímidas e silenciosos despeitos de Cristina.
D. Vitória e D. Doroteia entremeteram-se, dentro em pouco, na conversa, e, desviando-lhe o curso, fizeram-na cair sobre o assunto das próximas consoadas.
Passado tempo, ouviu-se o conselheiro dizer, elevando a voz, para o Tapadas:
- Pois, meu caro Tapadas, que tenha paciência este bom povo. Com isso é que eu não transijo. Ninguém é mais condescendente do que eu, menos no que pode arriscar a vida de muitos e entre essas as dos que me pertencem. O abuso há-de acabar. Por estes dias deve chegar uma portaria, mandando expressamente cumprir a lei.