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Capítulo 12: XII

Página 189
Demandista por gosto e ofício, levava a sua paixão pela arte a ponto de comprar as demandas dos outros, só por gosto de as tratar; espécie vulgar no Minho, onde uma legislação especialíssima, reguladora da propriedade rural, fomenta estas disposições no espírito dos campónios, das quais os juízes são as miserandas vítimas.

Depois de grande exibição de cortesias, para a direita e para a esquerda, o Tapadas dirigiu-se ao conselheiro, que o fez sentar ao seu lado, concedendo-lhe todas as provas de deferência e amizade.

O homem, que tão judiciosa dissertação acabava de fazer sobre a política abstracta, sentiu, na presença do recém-chegado, que de novo o abandonava o espírito da utopia e principiou a tratar com ele política prática, sob a feição mais mexeriqueira que ela pode revestir.

Tratou-se dos pequeninos processos de preparar candidaturas, por força ou vontade dos representados.

Henrique deixou-os na conferência e foi sentar-se ao pé das senhoras, no grupo formado por Madalena, Cristina e Ângelo.

Escuso de referir o diálogo em que tomaram parte estes interlocutores; reproduziram-se nele os galanteios de Henrique a Madalena, a leve ironia desta e as respostas tímidas e silenciosos despeitos de Cristina.

D. Vitória e D. Doroteia entremeteram-se, dentro em pouco, na conversa, e, desviando-lhe o curso, fizeram-na cair sobre o assunto das próximas consoadas.

Passado tempo, ouviu-se o conselheiro dizer, elevando a voz, para o Tapadas:

- Pois, meu caro Tapadas, que tenha paciência este bom povo. Com isso é que eu não transijo. Ninguém é mais condescendente do que eu, menos no que pode arriscar a vida de muitos e entre essas as dos que me pertencem. O abuso há-de acabar. Por estes dias deve chegar uma portaria, mandando expressamente cumprir a lei.

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pág. 189 (Capítulo 12)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 189

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506