Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: XIII

Página 203
Ângelo estava distraído deveras.

O velho voltou-se, de súbito, para este, perguntando-lhe:

- Tem ido ao mosteiro o hóspede de Alvapenha?

- Esteve lá ontem.

- É amigo das crianças?

- Parece-o.

- Conta muitas histórias às senhoras?

- Entretém-nas bastante.

- E ao... e a teu pai? Ouve-o com atenção?

- Conversaram muito toda a noite.

O ervanário parecia ligar grande valor a estas perguntas, porque, a cada resposta obtida, abanava pausadamente a cabeça com certo ar meditativo.

Augusto relanceava também para a fronte, meio contraída, do velho um olhar entre curioso e tímido.

O ervanário prosseguiu:

- Enfim... A desconfiança é um achaque de velhice, e nem sempre os mais felizes são os mais acautelados. Deus que vele, se os bons Lhe merecem ainda a graça da Sua protecção.

- O Tio Vicente desconfia do primo Henrique? - perguntou Ângelo, rindo.

- Primo?! - repetiu o velho, admirado.

- Primo lhe chamamos nós, porque a tia Vitória teima que, sendo ele sobrinho da tia Doroteia, é nosso primo também.

- Ah? Já aí vamos? E Lena?...

- Lena, Criste, todos lhe chamam por lá assim.

O ervanário pôs-se a murmurar algumas palavras ininteligíveis, terminando por estas:

- E, como no Egipto, é o vento sul que traz a praga dos gafanhotos.

Mas Deus que vele, Deus que vele. E eu não me demoro mais, que vou ainda daqui aos pardieiros de Cernuche.

- À caça dos sapos, Tio Vicente? - perguntou Ângelo, gracejando.

- Não, que não é agora o tempo - respondeu, sisudo, o velho.

- Dos sapos! Galante caça, na verdade! - continuou Ângelo no mesmo tom.

- Galante não será ela, pequeno - respondeu o velho - ; mas abençoada a chamarias se te torcesses no leito com as dores do carbúnculo, que não há remédio mais eficaz para o curar do que a pele destes animais seca ao ar livre.

<< Página Anterior

pág. 203 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 203

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506