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Capítulo 14: XIV

Página 218

Ângelo levantou-se então para brindar Augusto.

O conselheiro secundou-o, levando o copo aos lábios.

- Ah! o Sr. Augusto - disse Henrique, antes de beber e com certo tom de ironia. - Conheço: é uma ave rara destas imediações, que tem brios de cavaleiro errante sob umas aparências de filósofo.

- Brios de cavaleiro? - disse Ângelo, com vivacidade. - Inda isso não é tudo, Sr. Henrique; pode acrescentar: e alma de herói também.

- Pois dê-se-lhe também alma de herói, e, se for preciso, até consciência de santo. Vá à saúde da fénix! E bebeu.

Depois de pousar o copo, prosseguiu com o mesmo tom anterior:

- O que vejo é que é perigoso falar com a mais ligeira irreverência desta personagem; corre-se o risco de ver voltar contra o ímpio, que tanto ousa, os poderes conspirados do Céu e da Terra.

Bem; prometo acatar essa preciosidade.

- E creia - disse-lhe o conselheiro - que lhe é merecedor de toda a consideração. Augusto é um destes caracteres excepcionais que vivem à sombra de uma modéstia impenetrável e à sombra dela muitas vezes morrem. É necessário ter a vista muito exercitada nestas explorações de almas modestas, para descobrir uma assim.

- Felizmente para os míopes como eu - prosseguiu Henrique - elas fazem às vezes a fineza de se despojarem da sua timidez e de se mostrarem à luz. Não é verdade, prima Madalena?

- Que admira! - respondeu Madalena. - Bem oculto está o fogo na pederneira, primo Henrique, mas, percutindo-a, salta a faísca.

- Pobre rapaz! - notou a senhora de Alvapenha. - Aquilo nem parece deste tempo. O que eu não sei, primo Manuel, é por que ele se não resolveu a tomar ordens. Recusar o legado da D. Rosa!

- Não seja isso a dúvida. Ele sabe que, adoptando essa ou outra qualquer carreira, não lhe faltarão recursos para segui-la até o fim.

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pág. 218 (Capítulo 14)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 218

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506