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Capítulo 16: XVI

Página 242
Para teu pai hoje os homens são medidos pelos votos que podem lançar na urna eleitoral!

- Por amor de Deus, Tio Vicente, não fale assim! Não duvide de meu pai! - exclamou Madalena, a quem cruelmente estavam afligindo as recriminações amargas do ervanário. - Meu pai estima-o e respeita-o. Não tem o coração endurecido que diz. Ele mesmo amanhã aqui há-de vir. Verá então.

- Ele? Amanhã?...

- Para isso venho preveni-lo. Não o receba com asperezas, Tio Vicente; fale-lhe com brandura. Talvez o comova, talvez seja ainda possível valer a tudo. Ainda não está decidido... Julgo... E que estivesse...

- Amanhã! Teu pai vem aqui amanhã? E ousa vir ele próprio anunciar-me o que sabe que vai ser uma sentença de morte?

- Não; ele ignora o mal que isto lhe causa, creia. Sabendo-o, verá como...

- Teu pai conhece-me Madalena. Teu pai conhece-me, e há muito. Não julgues que pode errar, calculando o efeito deste golpe. Mas que queres tu? Ensinaram-lhe já a avaliar em pouco as venetas de um velho quase tonto. Homens que trazem o pensamento em interesses tão altos, não têm vista para estas pequenas desgraças.

Madalena sentia-se possuir de uma profunda tristeza, ao ouvir falar o ervanário. Era uma dolorosa provação para o seu amor de filha ver assim uma nuvem de desconfiança ofuscar a ideal concepção que ela formara do pai, e não ter forças para a afugentar. Às vezes uma dúvida cruel fazia-lhe, a seu pesar, supor que o ervanário tinha razão. Agora só conseguia opor um gesto suplicante àquelas acerbas acusações, que por muito tempo ainda desatenderam esta súplica muda.

Afinal serenou a violência da irritação do velho; sucedeu-lhe, porém, uma comoção profunda, dominado por a qual disse a Madalena:

- Sossega, Lena; amanhã eu receberei teu pai sem a menor aspereza.

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pág. 242 (Capítulo 16)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 242

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506