Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: XVI

Página 244

Nesta hesitação impeliu outra vez instintivamente a porta, que lhe opôs a mesma resistência.

Cedo depois sentiu, porém, o rodar da chave na fechadura e viu mover-se lentamente a porta, e no vão, que aumentava, desenhar- -se uma figura de homem.

Antes que pudesse, através da obscuridade da noite, reconhecer a pessoa, que assim tão a propósito lhe acudia, deram-lha a conhecer estas palavras:

- Muito boas noites, prima Madalena. Espero que pelo menos me concederá licença para exercer, junto de si, as humildes funções de porteiro.

Era Henrique de Souselas.

Madalena não foi superior a um vago sentimento de receio, ao encontrar-se aí com o hóspede de Alvapenha; contudo esforçou-se por dominar-se e respondeu, com aparente presença de espírito:

- Ah! É o primo Henrique. Muito boas noites. Aí temos um requinte de galanteria, que eu estava muito longe de esperar.

- E de desejar, não?

- E de desejar também; confesso-o. Por mais diligente que seja um porteiro, nunca o é tanto como uma porta aberta.

- Mas é mais discreto.

- Duvido. Em todo o caso, agradeço o incómodo.

E, dizendo isto, preparava-se para entrar, sem mais explicações.

- Uma palavra, prima Madalena - disse Henrique, retendo-a por o braço e com certa expressão nas palavras e no gesto, que redobrou o sobressalto da Morgadinha. - Não há mais acomodado terreno para um diálogo solene do que o limiar de uma porta. Ordinariamente no limiar das portas o homem muda de máscara; depõe a que apresenta na sociedade e afivela a que traz na família, e vice- -versa. Ora nestas mudanças é fácil surpreender o verdadeiro rosto da pessoa.

- Será tudo o que quiser o limiar de uma porta, primo; menos um lugar muito confortável para serões numa noite de Dezembro.

<< Página Anterior

pág. 244 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 244

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506