A Morgadinha dos Canaviais - Cap. 17: XVII Pág. 266 / 508

Vejamos, em quanto avalias...

- Não falemos nisso. A avaliar por o que eu lhe quero, ninguém mo pagaria; a não atender a isso, tudo será pagá-lo bem.

- Mas...

- Não falemos nisso, homem. Tenho medo de que estas árvores me ouçam propor o preço por que as vendo. Se alguma coisa posso pedir-te, então...

- Tudo. Diz em que te posso servir.

- Peço-te que decidas a pretensão daquele pobre rapaz, de Augusto; que te lembres um dia de que aqui na aldeia há um homem, que tem vinte anos, um coração e uma cabeça como tu sabes, e que de ti e dos teus, da gente que dá e vende graças, honras e empregos, só quer um favor... mas uma justiça: lembra-te disso.

- Falas do despacho efectivo para professor? É uma coisa facílima; mais que ele queira... E antes ele quisesse mais; esse rapaz perde por modesto. Acredita, às vezes é mais fácil servir os ambiciosos.

Nem eu sei o que tem empatado esse negócio. É certo que há um competidor, por quem alguém trabalha; mas não importa, conta com isso, como negócio concluído.

- Enquanto não vir...

- Hoje mesmo escrevo para Lisboa. É só isso que pedes? Vê lá.

- E que me deixes agora só.

- E não me ficas querendo mal, Vicente?

- Não. Estou a acreditar que tiveste razão, ou pelo menos que supões que a tens. Basta-me isso para te perdoar.

- Ver-te-ei no Mosteiro antes de partir? Depois do dia de Reis volto a Lisboa, e só tornarei para a campanha eleitoral.

- Não prometo.

- Adeus.

O conselheiro estendeu a mão ao ervanário, que não retirou a sua, e partiu.

- Está feito! - ia pensando o conselheiro à saída. - Não foi tão difícil como julgava. Está razoável o homem. Quem o viu e quem o vê! O que faz a idade! Bem! Agora é apressar os trabalhos para antes das eleições, a ver se acalmam algum fermentozito de oposição, que por aí possa haver, que pequeno será.





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