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Capítulo 2: II

Página 29
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- Vê lá, menino...

- Não, tia, não quero.

- Há pessoas que não podem dormir às escuras - dizia a criada. - Eu, graças a Deus, durmo bem de qualquer forma.

- Pois sim, mas nem todos são como você. Olha, ó Henriquinho, hás-de ver se queres o travesseiro mais alto, ou...

- Muito agradecido, tia Doroteia, tudo deve estar bom - disse Henrique, procurando fugir às muitas reflexões, perguntas e conselhos, com que as duas o iam perseguindo até o quarto.

- Olha, ó menino, tu bebes água de noite?

- Às vezes.

- Você pôs-lhe água no quarto, Maria?

- Pus, sim, minha senhora; pois então? Já minha mãezinha dizia que antes sem luz do que sem água.

- Bem, então está bem. Então muito boa noite, menino.

- Boa noite, tia.

- Ai, é verdade. Hás-de ver se queres mais roupa na cama.

- Não hei-de querer, não, tia.

- Olha que está muito frio. Você quantos cobertores lhe deitou, ó Maria?

- Cinco, senhora.

- Cinco! - exclamou Henrique, quase horrorizado. - Cinco cobertores!

- É pouco?

- Pouco?! - É de morrer esmagado debaixo deles.

- Ai, quer não! Olha que está muito frio.

- Bem, bem, eu cá me arranjarei.

- Então, muito boa noite.

- Muito boa noite, tia.

E Henrique ia a fechar a porta.

- Olha... - disse ainda a tia.

Henrique parou.

- Não sei o que é que me esquece...

- Não há-de ser nada, tia; boa noite.

- Não esquecerá?... Eu se?... Enfim... Boa noite. Ai, é verdade... Sempre é bom ficar com lumes-prontos.

- Ai, sim; lá isso sempre é bom.

- Vês? Não que bem me parecia.

- Já lá estão, senhora - disse a criada de longe.

- Melhor; então muito boa noite nos dê Nosso Senhor, menino.

- Muito boa noite, tia.

E Henrique conseguiu fechar a porta.

Estava finalmente só.

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 29

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506