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Capítulo 19: XIX

Página 304

Em vez de responder-lhe, berraram com mais violência:

- Morra o pedreiro-livre!

- Ensinem esses senhores da cidade!

- Pouca vergonha!

- Isto não fica assim! Isto é de mais!

- Mação!

- Herege!

- Quero passar! - repetiu Henrique, no mesmo tom imperioso.

- Havemos de ensinar estes fidalgos.

- Excomungados!

- Havemos de lhe dar os risinhos na igreja.

Henrique não podia já reprimir a impetuosidade do génio; deu um passo para eles, levantando o chicote que trazia na mão.

Era uma imprudência perigosa. Num momento uma verdadeira nuvem de varapaus cruzaram-se sobre a cabeça dele.

E os gritos de - morra! mata! abaixo os pedreiros-livres e hereges!

- levantaram-se mais ameaçadores do que antes. Madalena susteve, a tremer, o braço de Henrique.

E o tumulto crescia cada vez mais e cada vez mais aumentava o perigo.

Uma grande pedra, impelida de longe, veio bater na verga da porta da sacristia, e na queda ameaçava ferir a cabeça de uma criança, que entremetendo-se no grupo dos amotinadores, conseguira colocar-se junto de Madalena e de olhos espantados assistia àquilo tudo com infantil curiosidade, enquanto a mão, aflita, a chamava em altos gritos, procurando-a no adro. A Morgadinha, estendendo as mãos para proteger a cabeça da criança, foi ferida nos dedos pela pedra. Com gesto sereno, e em tom desafectadamente repreensivo e ao mesmo tempo plácido, disse para toda aquela gente:

- Não vêem que iam matando esta criança? Esta simples acção e estas palavras da Morgadinha produziram mais efeito do que todos os arrazoados e todas as resistências.

Havia nelas claros indícios de uma índole generosa, e a generosidade foi e será sempre um dos mais poderosos elementos para dominar e comover as massas.

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pág. 304 (Capítulo 19)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 304

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506