Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 21: XXI

Página 328
Cedo ouviu um estrondo... Quando os abriu, estava por terra a faia.

- Agora é a tua vez, pobre carvalho! - dizia algum tempo depois - Muito queria minha mãe àquela árvore! Por suas mãos a plantou bem tenra. Nunca me sentei àquela sombra, que me não lembrasse da santa mulher! Parecia que eram vozes tuas, que ma recordavam, infeliz! Bárbaros! Olha com que desamor a decepam! Perdoa-me, meu velho amigo, mas bem vês que te não posso valer.

E o carvalho caiu.

- Ei-los agora contigo, cerdeira. Mal adivinhavas tu, quando o ano passado te enfeitavas com aquelas cerejas escarlates, que tanto cobiçavam as crianças, que pela última vez o fazias!... Adeus, pobre amiga, adeus.

E caía a cerdeira também.

E caíam, uma após outra, todas as árvores do quintal: os limoeiros, as nogueiras, os salgueiros e toda a família vegetal do velho Vicente, que sentia ir-se-lhe com ela a alma. Memórias de infância, sonhos de juventude, e reminiscências de velho, como aves invisíveis, ocultas nas copas daquelas árvores, surgiam agora, espavoridas e desnorteadas, a procurar o refúgio que não encontravam fora dali.

Por outro lado os delicados sentimentos do ervanário eram dolorosamente feridos, ao desmoronarem-se as paredes daquela pequena casa, onde ele envelhecera e contava morrer, e ao patentear- se indiscretamente aos olhos irreverentes e curiosos do povo aquele recatado asilo.

A demolição prosseguia com ardor e actividade. Em pouco tempo, só restavam da casa os muros, meio derrocados; e, no quintal, a serra e o machado principiavam a exercer no tronco da última árvore a sua obra destruidora. Era o castanheiro da entrada, gigante de outro século, que desafiara os raios de muitos invernos sucessivos.

A exaltação do ervanário cresceu naquele momento.

<< Página Anterior

pág. 328 (Capítulo 21)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 328

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506