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Capítulo 22: XXII

Página 343
Uma índole branda, dócil, fraca, um destes seres nervosamente delicados, que tremem ao verem-se sós, cheios de poéticas superstições, que tenha a dissipar; que se lhe apoie ao braço, como se nele encontrasse a coragem que não sente em si, e que, ao mesmo tempo, domine pela fraqueza e pela doçura, domine sem consciência do império que exerce e sem vaidade, portanto; um carácter destes é que deve procurar para salvar-se; só dele pode esperar a realização da vaga ideia de felicidade, que todos concebem na vida.

- E, se essa teoria engenhosa fosse verdadeira, parece-lhe que poderia encontrar à mão o tal anjo salvador, que precisa do meu braço para se apoiar?

- Julgo que pode, e que já o teria encontrado, se pensasse seriamente nas necessidades do seu coração.

Henrique ia a responder, quando entrou na sala um criado com as cartas do correio.

- Tréguas à nossa conferência, enquanto eu leio a carta de meu pai - disse Madalena, examinando a carta recebida.

- Concedidas, e eu aproveito-as para correr a vista pelos periódicos que chegaram.

E, enquanto Madalena lia a carta, Henrique passava pelos olhos as folhas de Lisboa.

Não tinham decorrido muitos instantes, quando a Morgadinha interrompeu a leitura, exclamando:

- Ó meu Deus! Mas de que se trata? Que quer dizer isto? Ao ouvir estas palavras, Henrique desviou para ela os olhos.

Viu-a agitada e lendo com vivacidade e comoção a carta do conselheiro.

- Há alguma má nova? - perguntou Henrique, ferido por aquela expressão.

Antes, porém, de responder-lhe, a Morgadinha seguiu com ardor a leitura até o fim.

Henrique continuava a observá-la e cada vez mais evidentes descobria nela os sinais de uma funda agitação. Ao findar a leitura, passou a mão pela fronte como para desviar uma ideia amarga.

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pág. 343 (Capítulo 22)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 343

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506