Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 22: XXII

Página 342
Pelo menos é assim que eu interpretei o seu silêncio, e aprovo-o em vez de agradecê-lo.

- Seja contrição, visto que assim o quer. Mas não lhe merecerá ela alguma misericórdia para com o pecador?

- Escute. Sinto sincera misericórdia de si, pode acreditá-lo. Ela só me obriga a perdoar-lhe algumas impertinências, nem sempre demasiado delicadas, com que me mortifica.

- Está sendo tão amável!...

- Perdoe, mas a sinceridade tem destas exigências.

- Curvo-me perante as exigências da sinceridade. Continue, prima Madalena.

- Vai mais longe ainda a minha misericórdia, porque, apesar da rebeldia do mal, inda não desisti de curá-lo.

- Inda bem. E como? Ser-me-á lícito penetrar no segredo do tratamento?

- Há já agora uma única maneira de o salvar.

- E é?...

- Apaixoná-lo.

- Ah! Nesse caso estou salvo! - exclamou Henrique, num ímpeto, que não pôde passar sem um sorriso da Morgadinha.

- Ouça. É preciso andar com tento na escolha do objecto dessa paixão, sob pena de agravar o mal em vez de minorá-lo.

- E como hei-de escolher?

- De modo que lisonjeie a opinião que o primo tem de si próprio.

- A opinião que eu tenho de mim! Se pudesse ser mais clara!...

- De boa vontade. O primo Henrique tem uma forte necessidade de persuadir-se de que representa no Mundo um grande papel, uma missão heróica e generosa, quase providencial. Exigências de uma vaidade de boa índole, que se lhe não pode levar a mal. Repugna-lhe a ideia da inutilidade, da insignificância da sua existência. Não se resigna ao papel de comparsa, ambiciona o de protector. Se o acaso, ou uma inconsideração de momento, o associasse, por toda a vida, a um carácter igualmente forte, que, em constante oposição, pretendesse provar-lhe que prescindia da sua protecção, grandes desgostos e amarguras o esperavam no futuro.

<< Página Anterior

pág. 342 (Capítulo 22)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 342

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506