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Capítulo 22: XXII

Página 346
são as obras políticas que precisam da sombra e do mistério para se fazerem? Pois, para dirigir ou salvar uma nação, pois para se tratar dos interesses de um povo, é sempre necessário o disfarce, a dissimulação, o mistério?

- Quando se não pode contar com a boa-fé dos outros, perde sempre quem for escrupulosamente fiel à sua.

- Mais valeria então abandonar por uma vez essa carreira cruel... Oh! Ainda agora reparo... Tem aí as folhas de Lisboa... deixe-mas ver... quero saber que carta é esta.

Henrique procurou dissuadi-la. Um número avulso de um periódico, que não costumava vir ao Mosteiro, havia-lhe já feito suspeitar que era esse o que publicava a carta em questão. Não fazendo do conselheiro tão subido e ideal conceito como a Morgadinha, achava muito natural que efectivamente o comprometesse a carta aludida. Conhecendo bastante Madalena, sabia quanto seria cruel para o seu extremoso coração de filha, e para o seu carácter apaixonado por tudo quanto era idealmente nobre, generoso e justo, o descobrir no pai uma dessas máculas frequentes na vida dos homens políticos, por mínima e desvanecida que fosse. Por isso quis evitar-lhe a leitura. Não o conseguiu, porém. Madalena, com aquela firmeza de resolução que energicamente se lhe revelava na voz e no gesto, disse, estendendo a mão para receber os periódicos:

- Deixe-me ver, primo Henrique. Não é possível que de meu pai se diga aí alguma coisa que não devam ler os olhos de uma filha.

E quase arrebatou das mãos de Henrique a folha, justamente aquela de que ele mais receava.

E, abrindo-a, examinou-a com ansiedade quase febril.

Henrique observava com curiosidade os movimentos e a fisionomia de Madalena.

Viu-a tornar-se de repente mais atenta à leitura; os olhos, que

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pág. 346 (Capítulo 22)

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Capa do livro A Morgadinha dos Canaviais
Páginas: 508
Página atual: 346

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 15
III 32
IV 49
V 68
VI 81
VII 95
VIII 113
IX 127
X 144
XI 160
XII 176
XIII 192
XIV 206
XV 226
XVI 239
XVII 252
XVIII 271
XIX 292
XX 309
XXI 324
XXII 339
XXIII 361
XXIV 371
XXV 383
XXVI 397
XXVII 404
XXVIII 416
XXX 440
XXXI 463
XXXII 476
XXXIII 487
Conclusão 506